quarta-feira, 21 de outubro de 2009

MEIO AMBIENTE E RESÍDUOS SÓLIDOS NA ESCOLA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A EDUCAÇÃO CIDADÃ E AMBIENTAL.
Prof. Aristóteles Teobaldo Neto


Este projeto prevê a participação de toda a comunidade escolar em todos os seus aspectos. Com esta proposta o título teria que ser algo original e autêntico, por isso todos os alunos foram convidados a propor um nome para o projeto que começaria a ser desenvolvido na escola. E ficou definido desde o ano 2008, quando se iniciaram as atividades:

“DECOMPONDO LIXO, RECRIANDO VIDA: Um projeto de cidadania.”

INTRODUÇÃO


O ser humano sempre produziu resíduos, resultantes de suas atividades. Entretanto a qualidade e quantidade destes resíduos mudaram no decorrer do tempo. Os resíduos que o homem nômade primitivo deixava no ambiente eram basicamente restos de alimentos, facilmente biodegradáveis, portanto representavam um impacto insignificante.

Quando o homem abandona o modo nômade de viver e se fixa em certos lugares, os resíduos de suas atividades se tornam um problema. Com o acúmulo, inevitável, a solução imediata para o problema era enterrar estes resíduos.

A partir do século XVIII, com o avanço da ciência e da tecnologia, que favoreceram a Revolução Industrial, a pressão sobre os recursos naturais é intensificada e a geração de resíduos é uma conseqüência direta deste processo.

Este sistema de produção demanda para sua manutenção uma sociedade altamente consumista, que por conseqüência irá gerar uma grande quantidade de descartes. “Os denominadores do espaço capitalista não conseguiram conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação da natureza e com a qualidade de vida do cidadão brasileiro...” (GOMES, 1988, p. 35)

Em virtude da crise ambiental, gerada por formas inadequadas de o homem lidar com a natureza, vários encontros internacionais foram promovidos com o objetivo de discutir esta questão em busca de propostas concretas para um desenvolvimento sustentável.

Pretende-se com este projeto intensificar a discussão da questão ambiental na escola a partir do tema ‘lixo na escola’, tendo por embasamento teórico as principais recomendações e princípios da Educação Ambiental, discutidos nas principais Conferências Intergovernamentais.

O presente projeto contém os seguintes itens: Introdução, Objetivos, Justificativa, Metodologia, Resultados e Referências Bibliográficas.

No item objetivos, colocamos o propósito geral do presente projeto e os objetivos específicos que serão necessários para atingir a meta pretendida. Na justificativa, é demonstrada a necessidade e importância da presente proposta. Na metodologia, estão apresentados os meios científicos (como as recomendações das grandes conferências internacionais e material bibliográfico) e técnico-operacionais necessários para atingir aos objetivos.


2 - OBJETIVO GERAL

Construir um modelo de tratamento sustentável dos resíduos sólidos dentro da escola, reciclando os resíduos orgânicos por meio da compostagem.

2.1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Propor o envolvimento da comunidade escolar com a problemática dos resíduos sólidos, implantando a coleta diferenciada: lixo seco e úmido, como um instrumento de formação de novos valores e atitudes, frente à problemática ambiental.

- Auxiliar a implantação do sistema de compostagem na escola, como um processo educativo que sensibilize sobre a importância da reciclagem na mitigação dos impactos ambientais;

- Conhecer e quantificar os tipos de resíduos sólidos produzidos na escola;

- Conhecer diferentes formas de aproveitamento de resíduos orgânicos na cozinha, visando promover uma educação para uma alimentação nutritiva.

- Promover eventos de sensibilização como palestras e debates, abrangendo todo o público escolar, discutindo os temas norteadores do projeto: Educação e Meio Ambiente.

- Propor formas de integração e parcerias com instituições, órgãos governamentais e não governamentais, comunidade escolar, catadores de materiais recicláveis, e grêmio escolar, de forma a viabilizar a efetivação do sistema de coleta diferenciada, reciclagem e reaproveitamento dos resíduos;

- Sugerir a elaboração de material didático-pedagógico como cartilhas e gibis e o desenvolvimento de oficinas de reaproveitamento dos resíduos sólidos

- Desenvolver pesquisas visando diagnosticar a percepção da comunidade escolar acerca dos temas: meio ambiente e lixo.

Este projeto possui um caráter permanente e flexível de forma a tornar-se adaptável à realidade escolar.

3 - METODOLOGIA

Para a fundamentação teórica deste trabalho, devem ser observadas as recomendações oriundas das Conferências Intergovernamentais promovidas pela ONU/UNESCO, que tratam de Educação Ambiental. Além dos Parâmetros Curriculares Nacionais Temas Transversais – Meio Ambiente na Escola.
Dentre as várias recomendações, uma das mais importantes é o cuidado de se abordar todos os aspectos inerentes ao meio ambiente: ecológico, político, social, econômico, científicos e tecnológicos; evitando o tratamento puramente ecológico, de visão reducionista e alienante, devido ao fato de não considerar as mazelas e desigualdades sociais como prioridade na busca de uma solução para a problemática ambiental.
Outra recomendação, de igual importância, é a natureza interdisciplinar da Educação Ambiental, que exige uma prática integradora, holística e dialógica, contextualizada com as realidades locais, onde a participação de todos os agentes, sem hierarquização de funções, são de fundamental importância para o sucesso desta prática.

Procedimentos Operacionais


Deve ser realizado levantamento bibliográfico e análise dos diferentes métodos de compostagem e escolha do mais viável para desenvolver na escola;
Envolver professores, alunos e funcionários na manutenção da composteira, utilizando do processo educativo para sensibilizar quanto à questão da necessidade de reciclar os resíduos, mostrando os benefícios disto na prática.
Uso de recursos didático-pedagógicos voltados para a problemática do lixo.
Realização de mini oficinas e palestras aos alunos da escola,
Produção de material iconográfico: fotos, tabelas, gráficos, etc.
Participação de eventos científicos com apresentação de trabalhos e palestras.
Contato com entidades, ONG’s e institutos ambientalistas, visando estabelecer parcerias


4 - JUSTIFICATIVA:

O modo predominante com que a sociedade se organizou para sobreviver e produzir está baseado no tripé produção-consumismo-lucro. A sustentação deste sistema de produção se dá às custas dos ‘recursos naturais’, por muitos denominado bem comum da humanidade.
Não obstante, há uma intensificação da produção e, por conseguinte, uma grande pressão sobre os recursos naturais para que os objetivos do lucro e da acumulação de capital sejam satisfeitos.

As conseqüências desta forma de produzir ficaram mais evidentes a partir da 1a Revolução Industrial, onde a qualidade do ar, a poluição dos rios, das ruas, etc., deixavam o ambiente daqueles países totalmente insalubres à sobrevivência humana. Era nítido que este sistema não era sustentável e a partir de então começam a ser discutidas alternativas a este modelo.

No centro das discussões sobre os caminhos que a sociedade deve seguir, a necessidade da mudança de rota, de novos paradigmas para enfrentar a questão ambiental, está a educação. Por meio dela, é possível traçar caminhos que levem ao desenvolvimento de uma reflexão sobre os valores estabelecidos no atual sistema e à criação de novos valores, pautados pela ética e pelo desenvolvimento humano, acima de qualquer outra coisa.

“Os alunos podem ter nota 10 nas provas, mas, ainda assim, jogar lixo na rua, pescar peixes – fêmeas prontas para reproduzir, atear fogo no mato indiscriminadamente, ou realizar outro tipo de ação danosa, seja por não perceberem a extensão dessas ações ou por não se sentirem responsáveis pelo mundo em que vivem”. (PCN’s, TT, 1998, p. 169)

A afirmação acima denuncia um sério problema na Educação tradicional nas escolas. Desta forma não há como promover a tomada de consciência e sensibilização para os problemas ambientais com os mesmos métodos tradicionais da educação. Foi proposta a Educação Ambiental, cujo principal objetivo é a formação cidadã.
Sua prática na escola deve ser permanente e sob uma visão holística, integral e interdisciplinar.

“Na conferência de Tbilisi a EA foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques inter-disciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.” (DIAS, 2001, P. 20)

Utilizar um problema local onde seja possível uma interação e a transformação de determinada realidade confere à educação uma importância fundamental e necessária ao envolvimento e engajamento da comunidade escolar.

O problema ambiental “lixo”: Por que fazer a compostagem?
Dentre tantos problemas ambientais que se colocam no presente século, o lixo é um dos maiores desafios à humanidade. No Brasil, grande parte dos resíduos vai para lixões sem qualquer tipo de tratamento. Os focos de lixo nas cidades atraem vetores transmissores de doenças, como ratos, baratas, escorpiões, mosquitos, inclusive o famoso aedes aegypty, transmissor do vírus da dengue.

Quanto mais gente, mais lixo, mais impactos ambientais. Estes impactos diminuem a qualidade do ambiente e, conseqüentemente, a qualidade de vida. Em busca de uma vida melhor nas cidades, este projeto vem propor uma forma menos impactante de tratar o lixo, por meio da compostagem.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 7a. ed. São Paulo: Gaia, 2001.

FEHR, M. CASTRO, M.S.M.V. de. CALÇADO, M. dos R. Lixo biodegradável no aterro, nunca mais. In Banas Ambiental, São Paulo, 2 (10): 12-20 (2001) ISSN 1303 7242.

GOMES, Horieste. A questão ambiental: Idealismo e Realismo ecológico. In Terra Livre. n3, p33- 54, mar 1988.

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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya: rev. Técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez. Brasília, DF: UNESCO 2000

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